Enfrentamos hoje uma pandemia que devasta milhares de famílias com a perda de entes queridos. Como empresa, o que pode ser feito para cuidar e acolher aquele funcionário que enfrenta a dor do luto?

A psicóloga Mariana Clark, especialista em luto e que trabalha em apoio às famílias das vítimas do rompimento da barragem de Vale – Brumadinho, explicou à uma reportagem da Você RH que existe hoje uma sensação de falência em relação ao mundo em que conhecíamos, uma vez que há perdas financeira, de liberdade, convívio social, interrupção de planos e projetos, além da morte de pessoas queridas.

Há um tabu quando o assunto é morte. Não sabemos como nos portar à um amigo querido quando ele precisa desse apoio, mesmo quando apenas queremos passar uma mensagem de conforto. Em um ambiente de trabalho esse tabu ganha um peso ainda maior, uma vez que o colaborador sente a pressão de não demonstrar emoções e sentimentos que o façam transmitir uma mensagem de vulnerabilidade e fraqueza, segundo uma observação do psicologo Bernardo Leite Moreira. coordenador da pesquisa Melhores Práticas para Lidar com o Luto no Ambiente Profissional.

Com a pandemia e toda as consequências que ela nos traz, a preocupação com a saúde mental triplicou, e não seria diferente em relação à forma que as empresas se preocupam com a saúde mental de seus funcionários. Com isso, muitas companhias estão indo além do previsto na CLT, que garante três dias de licença na morte de um familiar, e acabam dando mais dias de afastamento, além da entrega de um auxílio-funeral e coroa de flores, por exemplo.

Algumas companhias vão ainda mais além, como o caso de uma empresa de engenharia que elaborou um projeto de encontros virtuais para discutir diversas pautas emotivas. No encontro realizado que tinha como tema o luto, houve uma efetividade de 40% dos funcionários. “O luto afeta a pessoa em suas capacidades cognitiva, psicológica e física. Quanto mais acolhidos os profissionais se sentirem em um momento difícil como esse, mais depressa vão estar prontos para retomar o trabalho”, diz a psicóloga Valeria.

Ainda sob analise da psicóloga Valeria, o retorno às atividades de trabalho pode ser um bom refúgio para aliviar a dor do luto, uma vez que é uma forma de retornar à vida antes da perda. Em contrapartida, outros preferem se recolher neste momento. Por isso, não há um certo ou errado nessa situação, e o ritmo de retorno às atividades devem ser acordadas com o gestor, porém sem cobranças ao funcionário.

Uma empresa de shopping centers passou a oferecer aos seus funcionários, até 10 sessões de terapia à aqueles que perderam um familiar para a covid-19. Além disso, essa mesma firma fechou uma parceria com o Centro de Valorização da Vida para a criação de grupos com o intuito de dialogar temas relacionados à medos e emoções causadas por conta da pandemia. Após adotarem essas ações, a pesquisa de clima realizada pelo RH da mesa, indicou um nível de satisfação superior aos anteriores.

Há práticas que exigem atenção de todos em momentos como esse, por exemplo, não é bacana excluir um colega enlutado de uma ação ou projeto em prol de respeitar o momento dele. Apesar de ser com boas intenções, o desejo de participar ou não deverá partir dele. Além de forçar um bom clima e evitar tocar no assunto. Para muitos, conversar sobre pode ser aliviador.

Fonte: Você S/A

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